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Top 5: Dreamcast – Games & Acessórios

Posted on: 16/07/2012


O Dreamcast, primeiro console de 128 bit da história lançado pela Sega em 1998 (no Japão) e 1999 (Américas e Europa), na sua derradeira tentativa de voltar à liderança global do mercado dos games, foi um aparelho revolucionário e ao mesmo tempo conservador.

À frente de seu tempo em diversos aspectos e imitado posteriormente com sucesso pelos concorrentes,  foi simultaneamente um console hardcore inovador e um videogame de aparência divertida como um brinquedo, e essa combinação pode ter sido o motivo de seu relativo fracasso e do abandono da Sega do segmento de hardware.

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Após o erro estratégico do prolongamento excessivo da vida útil de seu console de maior sucesso, o Megadrive/Genesis, através de acessórios nem sempre tão desejados (como o adaptador para jogos do Master System) ou bem aproveitados (como o caso do 32X), a Sega lança o Saturn em 1995, seu videogame de 5a geração destinado a competir num mercado cada vez mais inflacionado de opções de consoles 32 bit baseados em CDROM (Philips CDI, 3DO, Amiga CD32, Atari Jaguar CDdos quais muito poucos seriam bem sucedidos.

Um Megadrive com o acessório 32X, acoplado ao Sega CD e rodando a ótima versão de Virtua Racing para 32X

Porém ao orientar o projeto de seu Sega Saturn à supremacia dos jogos 2D ainda extremamente populares na época a empresa subestimou o crescente desejo dos jogadores pelo visual poligonal 3D propiciado pela maior capacidade da midia óptica, o que não passou desapercebido pela gigante Sony ao lançar seu próprio console orientado por essa tendência, obrigando a Sega a modificações tardias de hardware que capacitariam o Saturn ao mesmo tipo de processamento.

Sega Saturn (modelo Skeleton, devido á carcaça translúcida) com o cartucho de expansão de 4Mb inserido, necessário para rodar alguns jogos como o excelente port dos arcades Dungeons & Dragons – Tower of Doom

Devido às dificuldades na programação gerada por essa arquitetura híbrida, aliado a erros na estratégia de lançamento (prematuro e com poucos títulos, nos EUA), alto custo de produção e preço pouco competitivo inicialmente, Sega viu sua base de jogadores se afastar de seu Saturn (exceto no Japão onde teve um suporte correto, ótimas campanhas publicitárias e muita aceitação por parte dos jogadores nipônicos) e ser gradativamente cooptada pelo muito bem sucedido concorrente Playstation (um terceiro importante concorrente, o Nintendo 64 teria lançamento mais tardio e era ainda baseado em cartuchos).

Modelo americano (E – logo vermelho; o modelo japonês tem logo laranja) e europeu (D – logo azul) idênticos exceto pelas travas regionais (consoles brasileiros tinham em sua maioria logo vermelho porém alguns com logo azul teriam sido fruto de derradeiras importações do modelo europeu pela Tec Toy, a baixo custo após ter sido descontinuado)

Portanto na geração seguinte a Sega não poderia se dar ao luxo de errar novamente e com base em dois projetos concomitantes levados a cabo por desenvolvedores na matriz japonesa (Projeto Dural/Katana) e outro na filial americana (Projeto BlackBelt), fez finalmente a opção pelo núcleo de hardware do primeiro associado á facilidade de programação do segundo (compatibilidade com Windows CE), dando a luz ao seu mais poderoso console desde então: CPU Hitachi SH-4 128bit 200Mhz com 16 MB 64-bit de RAM, GPU PowerVR2 CLX2 com 8MB RAM de video e processador Yamaha 32-Bit ARM7 RISC 2MB e 64 canais de áudio.

 Controles do Dreamcast modelos Sega Sports, original e translúcido.  Atrás da janela central encontravam-se dois slots para encaixe de VMUs (memória), Jump Packs (vibração) e eventualmente acessórios mais raros, como o microfone.

Com uma linha de jogos matadora desde o início, seu primeiro ano foi um sucesso fulminante (meio milhão de consoles vendidos em 2 semanas nos EUA, um recorde até então), tendo sido para a época um console poderoso e rápido que apresentava belos gráficos, excelentes franquias e inovações que depois seriam tendência no futuro dos videogames como a jogabilidade online (mais bem sucedida com a Live do Xbox, em parte pela maior penetração posterior da banda larga nos EUA) e o uso criativo de acessórios para incremento da jogabilidade como câmera e microfone para chats em tempo real (Xbox Live, novamente) e controles na forma de maracas, pistolas e varas de pescar para jogos musicais, de tiro e de simulação respectivamente (todos incorporados plenamente pelo Wii e seu Wiimote posteriormente).

Acima: Virtua Memory Units (VMU) serviam de memória para saves, apresentavam informações no display LCD monocromático e rodavam minijogos de forma independente. Abaixo: Jump Packs geravam vibração no controle e eram equivalentes ao tremor pack do Nintendo 64 (o último à D contém também memória com capacidade equivalente a 4 VMUs)

Infelizmente não fora o suficiente, pois o público que havia crescido jogando Megadrive e Super Nintendo agora se deixava encantar por um console negro com detalhes azuis (que se parecia mais com um DVD player futurista ou com o monolito de 2001 – Uma Odisséia no Espaço do que com um console tradicional) cuja biblioteca de jogos apontava para uma temática mais adulta: Playstation 2, o mais bem sucedido console de todos os tempos e testemunha de que a Sony havia compreendido muito bem o desejo de consumo da maioria dos jogadores de então. 


O Dreamcast Sega Sports foi o mais belo modelo lançado durante seu ciclo de vida (mas alguém certamente poderá discordar após checar este post aqui)

Porém tempos após o cancelamento de sua produção em 2001 o Dreamcast passou a ter uma base cada vez maior de fãs que reconhecem seu caráter inovador e o potencial de diversão de que é capaz, graças à qualidade de seu hardware e de sua ótima biblioteca de jogos. Além disso tornou-se foco de uma comunidade de desenvolvedores amadores  e mesmo profissionais que passaram a abastecê-lo de novos lançamentos num movimento que chega até os dias de hoje, sendo provavelmente o console antigo que possui a maior quantidade de fóruns e sites (*) dedicados a mantê-lo vivo e cultuado. Abaixo segue uma pequena contribuição na forma de listas com seus melhores cinco jogos e cinco acessórios mais bacanas, na opinião deste blog.

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TOP 5 GAMES:

Da E superior, em sentido horário: Shenmue (que trazia o especial Shenmue Passport logo abaixo, com extras e acesso a conteúdo online exclusivo na época), Phantasy Star Online, Metropolis Street Racer, Space Channel 5 e Sonic Adventure

Shenmue

A obra-prima  épica de Yu Suzuki (Outrun, Hang On, Space Harrier) apresentava um gigantesco e persistente mundo imersivo onde o tempo passava e o clima mudava ao longo dos ciclos de dia/noite e das estações.  A proposta inovadora do jogo consistia num misto de RPG de ação, adventure e luta permeados por QTEs (Quick Time Events, onde é necessário acionar uma sequência de botões em um curto espaço de tempo) e cutscenes de ligação narrativa, além de minigames e mesmo games integrais do Megadrive disponíveis para serem jogados nos ambientes dos fliperamas virtuais in-game. Embalado por uma trilha sonora excepcional e uma narrativa dramática densa e envolvente ainda que lenta no desenvolvimento, jogá-lo é uma experiência absolutamente única e e inesquecível. Teve uma continuação (Shenmue 2) à altura lançado oficialmente para Dreamcast apenas no Japão (ainda que se encontre a versão alternativa legendada) e Xbox no Ocidente.

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Space Channel 5

 

Divertido e inusitado jogo de tiro rítmico/musical saído em 1999 da mente do inovador Tetsuya Mizuguchi (Rez, Lumines, Child of Eden), consiste em conduzir a sexy e dançante repórter espacial Ulalá através de inúmeros desafios musicais carregados de estética retrô-pop-espacial e trilha sonora marcante e inspirada, além da participação especial de Space Michael Jackson. A sequência (Space Channel 5 part 2) é ainda melhor e ganhou versões para a Live e a PSN.

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Metropolis Street Racer

O primeiro destaque deste desafiador jogo de corrida lançado em 2000 vai para a incrível trilha sonora de Richard Jacques (Sonic R, Jet Set Radio, Mass Effect) que recria com perfeição rádios FM in-game de gêneros distintos (pop, jazz, rock) para cada uma das cidades em que se dão as corridas (Tóquio, Londres, São Francisco), criando um clima único e envolvente. O extinto estúdio Bizarre Creations desenvolveu uma jogabilidade nova e exigente baseada em premiar-se a perfeição ao dirigir, aperfeiçoada e balanceada posteriormente na sequência indireta da série Project Gotham para Xbox/Xbox 360, herdeira da excelência iniciada no Dreamcast.

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Phantasy Star Online

Uma das grandes jóias da coroa da biblioteca do Dreamcast e criado pelo afamado Sonic Team, este MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game) espacial, spin-off de Phantasy Star para Master System e Megadrive, excedeu as expectativas ao provar que os consoles também eram capazes de apresentar excelente jogabilidade e enorme diversão num gênero que sempre pareceu exclusividade dos PCs. Um atestado de sua qualidade é que mesmo hoje em dia, anos após os servidores oficias da Sega terem sido desligados,  ainda é possível jogá-lo online em servidores mantidos por fãs. Existem sequências para Gamecube (Phantasy Star Online Episodes I & II), Playstation 2, PC e Xbox 360 (Phantasy Star Universe) e uma nova versão para PCs  e Playstation Vita foi recentemente anunciada (Phantasy Star Online 2).

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Sonic Adventure

A tradicional série de jogos de plataforma do ouriço azul fez em 1998 sua delicada transição para o 3D pelas mãos do mesmo Sonic Team com este título que, ao mesmo tempo em que carregava a enorme responsabilidade de ser o “flagship title” ou principal jogo no lançamento do console, era responsável por demostrar as capacidades de hardware do mesmo, ambas tarefas executadas com sucesso apesar das fases de exploração um pouco travadas e alguns problemas de câmera. A alta velocidade, os loopings, a ação frenética e o carisma dos personagens estavam presentes em altas doses de diversão bem como na sequência (Sonic Adventure 2); este último teve versão para Gamecube (Sonic Adventure 2: Battle), enquanto o primeiro teve para a Xbox Live e PSN.

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Algumas menções honrosas que poderiam tranquilamente estar no Top 5 no lugar dos escolhidos: Soul Calibur, Crazy Taxi, Marvel vs Capcom 2, Skies of Arcadia, Rez, Jet Grind Radio, Resident Evil Code: Veronica, Test Drive Le Mans, Ikaruga, Power Stone

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TOP 5 ACESSÓRIOS:

Câmera e microfone

Lançada exclusivamente no Japão, a Dreameye permite chat e videoconferência com quem tiver o mesmo dispositivo, bem como edição e upload online de fotos

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Direção

A Concept 4 Racing Wheel da Interact era na época uma das direções de melhor custo/benefício com bom peso e resposta, contando com vibration feedback e acabamento emborrachado

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Pistola

Light Guns da Interact (acima) e modelo genérico (abaixo) proporcionam muita diversão e são obrigatórias em jogos como House of the Dead 2 e Confidential Mission

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Adaptador banda larga

Também lançado exclusivamente no Japão, funciona perfeitamente em qualquer modelo de Dreamcast encaixado no mesmo slot em que se acopla o modem discado, funcionando em ambiente de rede e proporcionando navegação na internet e checagem de emails, ainda hoje em dia:

Site do Universo HQ visto no navegador XDP R4 para Dreamcast

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Aqui as mensagens da caixa postal são exibidas pelo cliente de email do navegador XDP R4

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Teclado

O teclado do Dreamcast é idêntico a um teclado padrão para PC e facilita bastante a navegação e inserção de endereços web. Há também um mouse exclusivo, cuja função é perfeitamente reproduzida pelo próprio joystick do console

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MAIS DREAMCAST!

Dreamcast Official Magazine

Foram lançados 12 números da Dreamcast Official Magazine nos EUA, publicação de excepcional qualidade gráfica que ao longo de sua vida trouxe um total de 11 GD-ROMs (formato de disco óptico proprietário de 1,2Gb usado pelo Dreamcast) recheados de demos e previews.

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(*) Alguns Fóruns e Sites dedicados ao Dreamcast:

Dreamcast-Talk – mantém servidores para jogar Phantasy Star Online, Quake III Arena e 4×4 Evolution dentre alguns outros, porém é necessário cadastro e participação ativa no fórum durante meses para ser convidado a jogar online 

Planet Dreamcast – retro site mantido quase exatamente como era há 10 anos atrás, quando era uma das melhores referências para reviews dos jogos do Dreamcast

Shenmue Dojo – um dos melhores sites dedicados a todo e qualquer material relacionado à Shenmue

Dreamcast Online – outro ótimo site dedicado a manter viva a jogatina online do console

DCIsozone – games, saves e apps para download, ligado à ótima comunidade The Iso Zone para troca de informações, tutoriais e dicas sobre o Dreamcast e outras plataformas do passado

Gamehall: Dreamcast – excelente e bem completa matéria do site especializado em games Gamehall Network sobre o ciclo de vida do Dreamcast, em português

Dreamcast é o melhor! – listas são sempre polêmicas e parciais mas para nossa alegria esta da PC Magazine Online de maio/2010 coloca o Dreamcast no topo dos Top 10 consoles de todos os tempos: “…the Dreamcast waxes the other consoles in this countdown thanks to a killer library and visionary technical innovations”. É isso aí!

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Dreamcast Arsenal

AGRADECIMENTO ESPECIAL!

 Vai aqui um agradecimento especial à minha amiga Adriana que no começo do ano, ao saber da minha paixão por games, resolveu me presentear com seu Dreamcast modelo americano, na caixa (foto abaixo, dá até para ver no canto superior D o adesivo da loja, intacto). Na verdade foi nesse momento que tive a idéia deste post, valeu Adriana! 

14 Respostas to "Top 5: Dreamcast – Games & Acessórios"

[…] ter descontinuado a produção de seu último console, o Dreamcast, em 2001, a gigante japonesa do ramo de videogames Sega passou a dedicar-se exclusivamente à […]

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[…] mesmo levando vantagem sobre as mesmas como nos primeiros anos do lançamento do Megadrive e do Dreamcast), a Sega foi pródiga na criação e desenvolvimento de diferentes consoles e periféricos com […]

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[…] pelos corações e mentes dos jogadores, e desde 2001 (com o abandono da Sega e de seu saudoso Dreamcast) teremos novamente quatro dispositivos diferentes disputando o posto da principal máquina de jogos […]

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[…] do porco-espinho azul mais veloz do mundo, em parte por conta de uma boa porção de jogos pós-Dreamcast pouco inspirados o que me parece não se justificar mais […]

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[…] notícia para os fãs do Dreamcast: segundo notícia do Droid Games foi lançado o app gratuito Reicast, um emulador em fase alpha […]

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[…] fãs da Sega e especialmente do Dreamcast concordam: Shenmue (1999) é um dos Top 5 melhores jogos do querido último console da empresa e a obra-prima máxima do mestre Yu […]

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[…] Dreamcast é com certeza um dos consoles mais queridos de todos os tempos pelos retrogamers – […]

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[…] fiéis fãs da épica franquia de RPG, iniciada em 1999 no Dreamcast e cuja sequência teve seu lançamento derradeiro no Xbox original, não perderam a esperança e […]

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[…] da ótima versão de Dead or Alive 2 para o Dreamcast, um dos melhores jogos de luta do querido último console da Sega – nas suas […]

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[…] – já tendo atingido até agora mais de 27000 apoiadores – tem por objetivo reviver o Dreamcast, último hardware desenvolvido pela Sega e descontinuado em 2001, porém adorado por uma legião […]

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[…] consoles serem algo antigo e bastante comum esta é a primeira para o PS4 inspirada no saudoso console da Sega – incluindo também os […]

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[…] da era 8/16bit (Master System, Game Gear, Mega Drive) para o 3D das gerações 32/128bit (Saturn, Dreamcast) em diante nunca foi um sucesso unânime de público e […]

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[…] querido e saudoso Sega Dreamcast comemora neste mês 17 anos de existência desde sua estréia norte-americana (em 9/9/1999 – […]

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[…] Novos jogos vem sendo adicionados periodicamente e um dos principais contribuidores é o desenvolvedor @guacasaurus_mex, autor de ports do quilate de FlappyBird VMU e Street Race VMU – o qual exatamente promete um port de Pokemon GO para 2017. Até lá a febre do jogo de realidade aumentada da Niantic pode já ter arrefecido, mas com certeza não a paixão pelo Dreamcast e seus periféricos. […]

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